Pois é, estamos de volta! Por isso aqui está um novo capítulo, espero que gostem!^^
O sol embatia com delicadeza nas janelas, abraçando aquele quarto num leve calor. Os reflexos dos pequenos flocos de neve cintilavam docemente, enquanto o dia acordava lentamente. O Sol erguia-se sereno, mostrando todo o seu esplendor e os seus raios únicos que em vez de transformarem neve pura, em água, se divertiam a brincar juntos, fazendo uma combinação perfeita, o resultado eram os vários arco-íris que me enchiam o olhar e o pensamento.
Eu permanecia um pouco erguida, com o meu braço apoiado sobre a cama para que conseguisse esticar o meu pescoço para observar com toda a atenção e pormenor a beleza daquela manhã, tinha todo o meu peso sobre o meu braço, o colchão havia afundado um pouco quando me movi para olhar para a janela que deixava transparecer o bonito dia que se avizinhava.
A minha concentração continuava voltada para aquele bonito espectáculo, mas estava consciente de que ao meu lado se encontrava um anjo, cujo corpo me aquecia. Ele permanecia com os olhos fechados viajando pelos seus sonhos de luz… Os seus lábios carnudos e macios formavam um “O” perfeito tonando-o mais irresistível enquanto o seu doce ressonar preenchia os meus ouvidos numa melodia única e contagiante.
Ele moveu-se com cuidado e delicadeza sem agitar a cama onde nos encontrávamos, por isso, pude continuar a observar o bonito manto branco que cobria tudo do lado de fora daquela casa quente e aconchegante.
De súbito, senti os seus lábios quentes e macios a percorrerem a pele do meu pescoço a um ritmo calmo e meigo, despertando-me de imediato do meu transe temporário, não pude evitar esboçar um sorriso ao sentir o seu toque delicado. Ele continuou o seu percurso até encontrar os meus lábios, para depois os aconchegar com os seus, meigos e cálidos. A sua língua serena e suave percorria agora toda a minha boca acariciando-a numa pura harmonia de movimentos delicados e carinhosos.
Ele colocou o seu braço ao redor da minha cintura, puxando-me com cuidado e num movimento longo e demorado, para mais perto de si, deixando o meu corpo recair sobre o dele. Ele desviou lentamente os seus lábios dos meus (que ansiavam por mais, mais daqueles lábios carnudos e completamente irresistíveis), para depois me lançar um sorriso único e luminoso, que me aquecia por completo e tornava o meu dia mais feliz e quente.
Os meus lábios moveram-se imprimindo também no meu rosto um cálido e brilhante sorriso (era impossível não responder àquele sorriso); os meus braços rodearam o seu pescoço, aproximando-o de mim num doce e forte abraço. Senti o seu peito a elevar-se e a voltar à sua posição inicial num movimento profundo e lento, ele tinha suspirado, um suspiro meigo que fez com que eu me arrepiasse ao sentir a sua cálida respiração a embater nos meus ouvidos e no meu cabelo que levemente se exaltou ao ser tocado pela sua suave respiração, em simultâneo com o meu coração que se precipitou em batimentos fortes e rápidos.
Entreolhamo-nos ainda sorrindo, ele beijou rapidamente a ponta do meu nariz soltando em seguida uma gargalhada celestial, que mais se assemelhava ao som delicado dos sinos, um som puro e dourado… Uma gargalhada um pouco estridente começou a emergir da minha garganta, não consegui evitar começar a rir também, esgotando todo o oxigénio que me restava nos pulmões.
As nossas gargalhadas foram subitamente interrompidas pelo bater feroz e desesperado na porta do “nosso” quarto, só conseguia ouvir o Benji que estava bastante aflito e preocupado. Eu e o Toby ficámos estáticos e surpresos por algum tempo assimilando tudo o que se estava a passar.
Levantei-me rapidamente dando-me conta de que poderia ser algo grave com a minha irmã.
Vesti a T-shirt cinzenta e larga que havia deixado na cadeira de baloiço que se situava perto da janela, pois apenas possuía as minhas roupas interiores.
Dirigi-me para a porta, sentindo o olhar dele a seguir-me, olhei para trás e vi que ele mantinha os seus olhos focados em mim, estes tinham uma nova expressão, era uma expressão preocupada que possuía ainda uma réstia de brilho; o chocolate dos seus olhos que antes estava derretido e cremoso havia solidificado e o seu olhar parecia estar distante.
Prossegui o meu caminho até à porta. Quando a abri os meus olhos depararam-se com um rapaz desesperado, ofegante, ainda com o cabelo desgrenhado e com os seus calções de dormir que se completavam com a sua t-shirt azul-claro.
O seu olhar estava coberto de desespero e preocupação, mas o que se teria passado para que o Benji estivesse naquele estado de nervosismo e quase angustia?
- Rápido, Rita, a tua irmã – disse ele com o desespero a notar-se na sua voz que se tentava mostrar serena e calma, mas sem sucesso.
Assim que ouvi o que ele tinha para me dizer, o meu coração acelerou os seus batimentos, transpondo-me num estado angustiado, preocupado e curioso em simultâneo. Percebi que o Toby se aproximava de mim pronto para me amparar, pois tenho a certeza que ele se apercebeu de imediato da mudança dos meus batimentos cardíacos.
- Que se passa Benji, acalma-te, estás num estado de nervos – fez uma pequena para analisar melhor o seu melhor amigo e tentando acalmá-lo, prosseguindo: Diz-nos o que se passa – disse ele com o seu tom de voz doce e calmo que era capaz de apaziguar o coração de qualquer um…
- A Patty, ela está a arder em febre – disse ele com o pânico a inundar-lhe a voz. Pode até parecer estúpido, mas eu suspirei de alívio, se era apenas febre alta poderia ser simplesmente uma gripe passageira. O meu coração abrandou o seu ritmo e os braços do Toby aconchegaram-me mais, fazendo com que eu sentisse o calor da sua pele macia e pálida, impregnando o meu corpo de calma.
- Toby, tu que percebes destas coisas, poderias fazer um diagnóstico… - disse o Benji quase implorando, mas ele sabia que bastava dizer que precisava de ajuda para que o Toby o ajudasse sem pensar duas vezes no assunto, eles eram mesmo dois grandes amigos. Sabia que o olhar do Toby respondeu de imediato à pergunta do Benji sem hesitações.
- Por favor venham… - disse o Benji ainda assustado e nervoso.
Seguimos o Benji enquanto ele nos guiava através da sua casa até chegarmos ao seu quarto, onde se encontrava a minha irmã estendida na cama, ainda com os seus olhos fechados e dormindo profundamente, mas por vezes estremecendo com os arrepios que a febre lhe causava.
O Toby ao deparar-se com tal cenário, foi quase instantaneamente para junto da minha irmã, ainda aturdida por causa da febre que lhe consumia as veias. Ele inclinou-se sobre ela, tocando com os seus lábios na testa da minha irmã, para sentir com melhor precisão a sua temperatura. Ajoelhou-se perante dela e olhando para o Benji não demonstrando o nervosismo que eu tinha denotado no seu olhar, disse: preciso de um termómetro, algumas toalhas e um recipiente com água fresca, mais tarde vou precisar também de um antipirético – quase tendo a certeza de que aquele termo iria soar desconhecido para o Benji, perguntou de imediato: Brufen, tens? – O Toby calculou que sim e não deixou o Benji responder à pergunta que ele tinha executado e continuou com o seu diagnóstico: Ela está com gripe, preciso do termómetro para saber exactamente a sua temperatura, mas o meu palpite vai para os 38º, 39º de febre.
Ao ouvir isto o Benji acenou afirmativamente com a sua cabeça e rapidamente desapareceu, caminhando corredor fora a uma velocidade elevada, quase parecendo deixar um rasto esbatido dos seus movimentos, como se fosse vampiro ou algo do género.
O Toby permanecia com o olhar focado na minha irmã, que agora parecia murmurar algo sem sentido, parecia estar a delirar, era mau sinal, a febre provavelmente estaria a aumentar. O meu coração estava preocupado, e isso transparecia nos meus olhos e na minha face. O modo como o Toby olhava para a minha irmã era sério, o que ainda me preocupava mais, pois a saúde da minha irmã não era das melhores, ela era frágil mesmo não parecendo…
O Benji chegou com tudo o que o Toby lhe havia pedido, em mãos, não se preocupando com o peso que todas aquelas coisas fariam nos seus braços. Primeiro entregou o termómetro, que foi o primeiro objecto que o Toby tinha requisitado, pousando logo de seguida o recipiente com água, no chão, mesmo ao lado do Toby que permanecia de joelhos analisando tudo com bastante cuidado e pormenor.
Enquanto os dois tratavam da minha irmã, não pude deixar de pensar que hoje era o ultimo dia de aulas antes das férias de Natal e tínhamos uma apresentação para ser executada, este imprevisto não vinha mesmo nada a calhar. Eu queria subir a minha nota a Biologia B, só este trabalho me podia salvar… mas não iria deixar a minha irmã sozinha.
Quase acedendo aos meus pensamentos o Benji afirmou: Eu fico com ela, vocês têm de ir para a escola fazer a apresentação do trabalho – assim que percebi a mensagem que provinha das suas cordas vocais em conjunto com os seus lábios, interrompi de imediato o seu discurso: Não Benji, tenho de levá-la para casa e cuidar dela lá, já é demasiado incómodo para ti – eu sabia que talvez o meu esforço fosse em vão, o Benji era de ideias fixas…
Ouvindo o que eu tinha para dizer ele logo ripostou: Não, esta apresentação é essencial para ti, e aliás, não estás a pensar levar a Patty neste estado para casa com o frio que está lá fora, pois não?
Vi o Toby erguer-se e focando o seu olhar no meu disse: ele tem razão, quando ela estiver melhor eu venho contigo busca-la, está bem? – Aquele olhar mudou tudo, eu sabia que não ia conseguir convencê-los, por isso desisti, rendendo-me às evidências e vendo que a razão estava do lado deles, apenas acenei afirmativamente com a cabeça, concordando com aquilo que o Toby tinha dito.
- Vá, temos de nos despachar – disse ele dirigindo-se apressadamente para junto de mim, agarrando ansiosamente as minhas mãos. De súbito aquele entusiasmo temporário desapareceu e o seu rosto foi atingido por uma expressão séria. Ele desviou o seu olhar na direcção do Benji e com um tom sereno na voz disse: não te esqueças de tudo aquilo que te expliquei.
O Benji acenou com a cabeça, esboçando um leve sorriso e erguendo em seguida a sua mão para executar o movimento de continência, par depois proferir: Sim senhor, meu capitão, vou cuidar bem dela – ao dizer esta ultima palavra ele baixou o seu braço e os seus olhos cansados encontraram o rosto da minha irmã, parecendo esboçar um sorriso, ele acariciou a face da Patrícia como se ela se tratasse de uma pedra rara, frágil a qualquer toque.
Sabia que podia contar com o Benji e que a minha irmã estaria segura e feliz ao seu lado.
---
Sim o dia tinha começado muito bem, com a neve cristalina e de pura brancura a embater suavemente na janela, formando centenas de arco-íris e reflexos únicos, enquanto era acariciada pelos raios de Sol… mas aquele imprevisto não tinha vindo mesmo nada a calhar, realizar a apresentação sem a ajuda daqueles dois ia ser uma tarefa difícil.