O Dia havia finalmente chegado, hoje era o dia do grande jogo… Nós estávamos no balneário a vestir o equipamento e acima de tudo a concentrar-nos na vitória. O ambiente era totalmente fantástico.
Já tínhamos tudo preparado, a nossa equipa estava pronta e bem organizada, eu ficava encarregue de marcar o Toby e também do ataque juntamente com a minha irmã, a Sanae ficava a controlar o meio campo com a Tippy, a Numi e a Tomoyo, a Sanae tinha a função de “game maker”. A nossa defesa estava bastante bem composta com a Yoshiko como defesa central, a Mashida na lateral esquerda e a Yukari na direita e a Grace ficava também na defesa.
Estávamos agora a entrar em campo, toda aquela emoção, aquele calor, um jogo prestes a começar, o palpitar do coração acelerado.
O pontapé de saída, o apito do árbitro, sentir a bola nas minhas chuteiras, o relvado agitava-se com a mínima aragem.
Era agora o momento, começou o jogo.
Eu e a Patty só tínhamos de nos preocupar em marcar golos, mais nada. Ela ia passar-me a bola, mas alguém intersecta o passe, era o Oliver que agora avançava para o meio campo da nossa equipa juntamente com o Toby. Era incrível, eles jogavam em plena sintonia, jogadas em conjunto muito boas e passes bastante precisos.
O tempo de reacção era quase nulo, mas eu não podia permitir que marcassem golo, recuei no terreno, desta vez era o Misaki que tinha a bola, eu consegui chegar a tempo, agora corria ao lado dele à espera de uma oportunidade para lhe tirar a bola, não o podia deixar passar para o Tsubasa.
- Agora! - Fiz um carrinho, consegui desviar a bola para as mãos da Kelly, ela agarra o esférico com firmeza e lança-o de novo ao ataque: vamos lá pessoal! Vamos marcar! – A bola foi parar aos pés da Sanae que começou logo a avançar para campo do adversário, mas na sua frente apareceu o Oliver que já tinha recuperado a sua posição, os dois estavam em confronto, ninguém conseguia ficar com a bola, eram jogadores bastante equivalentes.
Sanae: eu amo-te, mas neste jogo não, Oliver Tsubasa – disse sorrindo.
Oliver: eu também, não posso deixar que me venças! – Disse fazendo um carrinho, mas a Sanae evitou-o e continuou a atacar.
Eu ainda me encontrava no chão, mas alguém estende a mão para me ajudar a levantar. Quando olho para cima para ver quem era, o meu olhar ficou preso por uns segundos e eu disse: obrigada…
Toby: de nada… Boa intersecção, grande sentido de oportunidade.
Comecei de novo a sentir as minhas faces a escaldar.
Tinha de continuar a jogar, estavam todas no ataque, eu também avancei, recuada na minha posição. A Sanae tinha a bola, já se encontrava no início da grande área, ela remata à baliza, não era um “Drive Pass” para a Patrícia, a bola descreveu um arco e foi directa aos pés da Patrícia, ela estava a preparar-se para o remate, mas eu apercebi-me da aproximação do Bruce para lhe tirar a bola, eu continuava recuada no terreno e disse: Rápido! Passa para mim, assim vais perder a bola!
Ela passa de calcanhar para mim, foi um belo passe, vinha mesmo a jeito, não hesitei nem mais um segundo, rematei de imediato.
Oh não o Benji conseguiu defender, ele estava prestes a entrar para lá da linha de golo! Mas conseguiu parar o meu remate a tempo, não era à toa que diziam que ele era o melhor guarda-redes do país.
Ele passa rapidamente para o Oliver que começa de novo a avançar para a grande área, as suas fintas eram espectaculares, ele passou pela Yoshiko, a Mashida e todas as outras que estavam na defesa, ele era fantástico. Eu estava a fazer marcação ao Toby, não podia deixar que o Oliver lhe passasse a bola, o Oliver não era o único marcador da equipa…
Ele não conseguia passar o esférico para o seu amigo, eles trocaram olhares, parecia que planeavam alguma coisa… eu só não sabia o quê, o Oliver atrasa para o Mark que remata directo à baliza, a Kelly agarrou a bola mas entrou na baliza, o remate do Mark era muito potente. Estávamos a perder 1-0. Afinal eu foi apanhada de surpresa… o Oliver já tinha intenções de passar para o Mark, o Toby só serviu para atrair a minha atenção.
Estávamos mesmo no fim da primeira parte, faltavam precisamente dois minutos, o árbitro olhava atentamente para o relógio.
A Tomoyo tinha a bola, passa rapidamente para a minha irmã a Patrícia, ela avança com a bola nos seus pés, eu avançava a seu lado, disposta a fazer tudo para marcar, ela remata, mas a bola vai demasiado alta e bate na trave, ouve-se o apito do árbitro… a primeira parte tinha acabado e nós estávamos a perder.
Livro 2 – Patrícia
- Bolas… Estamos a perder…
Benji: Não tiveste coragem para rematar – Disse ele com um ar convencido.
- O quê? – Perguntei eu surpreendida e ao mesmo tempo chateada, surpresa por ele estar a dirigir-me a palavra e chateada por ter acabado de dizer que eu não tive coragem para rematar.
Benji: É verdade, tiveste medo de me enfrentar – Disse ele com o chapéu para baixo permitindo ver-se só o seu sorriso convencido.
- Cala-te! – Vociferei eu irritada com ele.
O Benji dá de costas e diz: se tu o dizes – disse ele encolhendo os ombros – vamos ver o que vales na segunda parte – disse dirigindo-se para ao pé dos seus companheiros de equipa.
Eu tinha tanta raiva dele! Ele era insuportável, só me apetecia estrangulá-lo naquele momento!
Por outro lado… o meu coração começou a bater mais rápido quando ouvi a sua voz calma e convencida a falar comigo.
Alguém vem ter comigo e diz: Tem calma Patty, não lhe ligues, ele só te estava a provocar! Vamos empatar na segunda parte e depois vencer! - Era a minha irmã, que me tentava acalmar, mas eu não desviava o olhar dele, mas também não queria… O que é que se passava comigo?!!
Patrícia: sim, tens razão.
Todas se aproximaram, formámos todas um círculo, um pouco agachadas. A minha irmã começou a proferir: pessoal eles de certeza que vão procurar marcar mais golos na segunda parte, o ataque vai ser bastante intenso, temos de ter uma boa defesa! Mas não nos podemos esquecer de marcar golos! Vamos ganhar isto! Temos de empatar e depois vencer o jogo! – Ela pára de falar e diz com as suas faces a pintarem-se de um vermelho fogo: desculpa Sanae, tu é que és a capitã.
Sanae: hum? Ah… pois, sim é isso mesmo!
Livro 1 – Rita
A segunda parte estava mesmo a começar. Mal soou o apito do árbitro começámos a atacar, não podíamos deixar que eles ficassem em vantagem durante muito tempo… Por isso avançávamos para a baliza e sempre que era possível rematávamos, mas tínhamos uma parede bem sólida à nossa frente, era a muralha do Nankatsu FC, Benji Price.
A minha irmã tinha a bola e corria para a grande área, entre a nossa equipa ocorriam agora vários passes, bastante precisos.
A Patrícia erguia bem a sua perna preparando-se para o remate, ela remata, mas a bola passa ao lado da baliza… não era costume ela falhar assim, será que estava tudo bem com ela?
Patrícia: Oh bolas, falhei o remate! – Disse enraivecida com a situação.
- Tem calma Patty, da próxima consegues, não podemos desistir! Vamos conseguir!
Patrícia: tens razão…
O árbitro tinha assinalado canto para nós… quem o ia executar era a Tomoyo. Ela centrou a bola, eu tentei cabeceá-la, mas dei de caras com um anjo que se encontrava em pleno voo e a minha concentração foi por água à baixo… Não podia desconcentrar-me tão facilmente, estava a prejudicar a equipa…
Sanae: Então meninas?! O que se passa! Não podemos deixar que eles nos vençam! Vamos lá ganhar isto malta!
Todas: certo!
Sim ela estava certa, não podíamos deixar que eles levassem a melhor.
Era a vez deles atacarem. O Oliver e o Toby desbarataram completamente a nossa defesa, não podia permitir que marcassem de novo, corri o mais que pude para ajudar a minha equipa na defesa.
O Oliver rematou fortemente à nossa baliza, a Kelly não iria conseguir defender o remate, por isso pus-me em frente da trajectória da bola, que me acertou mesmo no estômago e com tanta brutalidade que embati no poste da baliza com as minhas costas, o que me provocou uma dor enorme, gritei cheia de dores, contorcendo-me no chão: Capitã! A bola… vai buscar a bola – disse eu com a voz a falhar, não aguentava mais, os meus olhos fecharam-se e senti a relva a tocar o meu rosto.
Ouvi várias vozes a gritarem o meu nome: Rita! Rita! Estás bem! Rita!
Coragem Rita! Não te podes deixar levar só por uma coisa destas! Ainda não perdemos! Levanta-te! Coragem! – Incentivava-me a mim própria.
Sim, eu não podia desistir… não agora. Levantei-me com alguma dificuldade, o jogo prosseguia, mas o tempo estava quase a terminar e nós, ainda não tínhamos conseguido marcar nenhum golo, comecei a correr, as pernas pesavam-me, parecia que podia cair a qualquer momento, mas continuei a correr, acompanhei o ataque.
Sanae: Rita, estás bem?
- Sim, estou… – disse eu com a voz ainda um pouco trémula, sentia-me tonta…
Sanae: hum… então vamos a isto!
Bem eu tinha de fazer alguma coisa… não podia ficar parada, mesmo que estivesse cheia de dores.
A Numi tinha a bola, ela baralhou-se ao fazer o passe e foi alto de mais, era a minha oportunidade, ergui-me bem alto, era a altura perfeita para executar o meu “Skywing Shoot”.
Ficaram todos boquiabertos quando a bola entrou na baliza, a muralha do Nankatsu FC tinha acabado de ser derrubada…
Eu já não sentia o meu corpo… sentia apenas o vento a trespassar-me rapidamente, também ouvi um som de um apito a anunciar o golo do empate e o final da partida.
Eu estava a cair, ia ter um encontro nada agradável com o relvado, mas alguém me agarra e impede que eu me magoe: Rita! Rita estás bem! Por favor responde! – Perguntava aflita aquela voz doce.
Eu abro os meus olhos e vislumbro um anjo, um anjo que me segurava firmemente nos seus braços. Eu sentia de novo os seus batimentos e o seu doce perfume.
- Eu, eu estou bem, não te preocupes – disse com as faces a corar.
Ele suspirou de alívio e os seus braços fortes deixaram de me segurar, começava a notar-se nas suas faces um pouco de vermelho, ele estava a corar.
Toby: desculpa… eu, eu… – disse embaraçado.
- Não faz mal – disse sentindo as minhas faces ainda mais quentes.