sexta-feira, 17 de junho de 2011

Capítulo 7 - A Minha Partida - Fanfiction "História Inesquecível"

Prólogo
Aquele objecto negro de aspecto reluzente e sólido permanecia nas minhas mãos trémulas e este balançava-se ao mesmo ritmo que elas. O som que esse aparelho reproduzia acabava por atingir toda a sala que havia ficado reunida num grave silêncio.
Elevei a minha mão possuidora de tal objecto, carreguei no botão do telemóvel que tocava impaciente; um frémito de medo e de terror trespassou o meu corpo no momento em que encostei delicadamente e cuidadosamente aquele aparelho ao meu ouvido.
Do outro lado da linha fazia-se ouvir uma respiração irregular, acompanhada por soluços e gritos desesperados, alguém chorava ao meu ouvido naquele momento.
Uma voz trémula e já rouca de tanto chorar impregnou o meu ouvido que estava bastante atento e perto do telefone.
- Olá filha – disse a minha mãe com a voz a tremer e com um longo suspiro recheado de dor, logo de seguida perguntou: como estás?
Como é que eu estava? Ela estava a chorar, e ainda me vinha perguntar a mim se eu estava bem… O meu coração desatou em batimentos frenéticos e ferozes recheados de pleno medo e preocupação, foi então que movi os meus lábios ainda um pouco atordoada e quase petrificada: E-eu estou bem – disse eu gaguejando -  mas porque estás a chorar? – Perguntei um pouco hesitante e assustada com a resposta que receberia.
Um suspiro impregnado de dor percorreu de novo o telefone cobrindo os meus ouvidos, ela respirou fundo e disse entre soluços e lágrimas que não eram visíveis mas que se faziam notar na sua voz amargurada e triste: P-porque o teu pai… - disse ela gaguejando e fazendo uma pausa para recuperar o fôlego, para depois prosseguir com o seu discurso: o teu pai… morreu num acidente de viação – demorei um pouco a perceber a mensagem que ela me dizia com toda a sua dor e amargura, o meu coração parou de súbito, a minha respiração ficou bloqueada por alguma coisa na minha garganta que não me deixava respirar, uma pontada bem forte no meu coração, o sangue que pulsava nas minhas veias tornara-se frio enregelando todo o meu corpo, tinha paralisado por completo. O meu mundo tinha acabado de se desmoronar, a dor que sentia no meu coração, o buraco fundo e escuro para onde me movia, a vontade que tinha de gritar e expelir a minha dor para o exterior…
Deixei de ter sensibilidade nas minhas mãos, que já haviam perdido a sua força, o aparelho electrónico que permanecia nestas caiu com um som oco e horrendo quase perfurando os meus ouvidos. A força persente no resto do meu corpo também me abandonou e cai, embatendo violentamente com os joelhos naquele chão rígido e brilhante, não pude conter por muito mais tempo as lágrimas que se acumulavam nos meus olhos.
Dos meus olhos era expelidas lágrimas impregnadas de dor e de alguma raiva, eu perguntava a mim mesma o porquê de tudo aquilo.
Apoiei as minhas mãos no chão, não aguentando o sofrimento pelo qual todo o meu corpo estava a ser atingido.
Senti alguém a aproximar-se, era o Pierre que me ia tentar ajudar a levantar, mas de repente o Oliver aparece com o seu semblante pálido e com uma expressão de “nem te atrevas a tocar-lhe”. O Pierre afasta-se e o meu irmão envolve-me num abraço forte e apertado ajudando a erguer-me, não sabia o que fazer se não chorar, encostei a minha cabeça ao peito do meu irmão, deixando a sua camisa completamente encharcada em lágrimas dolorosas que percorriam o meu rosto.
- Daniela… o que se passa? – Perguntou ele preocupado e acariciando o meu cabelo.
Eu não conseguia proferir palavra alguma, mas arranjei coragem suficiente par conseguir transmitir aquela notícia que me atormentava: Oliver… o pai… o pai – um suspiro de dor percorreu as minhas cordas vocais e o meu abraço tornou-se mais sufocante, mas prossegui: o pai morreu num acidente de viação – disse eu abafando as minhas palavras no ombro do meu irmão.
Senti o corpo dele a gelar, o seu coração exaltou-se, ele saltou uma lágrima, mas limpou-a discretamente e esforçava-se agora para manter a sua postura forte e corajosa que sempre tivera.
O burburinho que se fazia ouvir naquela sala era acompanhado por lamentações e suspiros também estes desesperados e outros espantados.
- Mana, tenho que ir ao Japão – respondeu o meu irmão determinado, mas eu não o podia fazer desistir do seu sonho de participar no campeonato mundial de juniores por isso eu disse quase sem hesitar: Não, não vais, não vais abandonar o campeonato agora a meio, eu vou e depois volto, está bem? – O seu olhar tornou-se desconfiado, mas com um fundo preenchido de dor e de fúria, parecia que ele não iria aceitar, repentinamente o seu semblante tornou-se menos carregado e ele moveu os seus lábios dizendo o baixo e doloroso: Ok…
A festa tinha acabado por completo, o silêncio era o rei que se erguia naquele momento, não havia mais nada a fazer se não dar aquela festa por terminada.

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O dia tinha amanhecido sombrio e triste, ou então era apenas a tristeza presente no meu olhar que me fazia ver as coisas de maneira diferente. Os meus olhos estavam cansados, a pele das minhas pálpebras estava humedecida, as lágrimas que estes expeliam ainda não haviam dado descanso ao meu coração dolorido.
Estávamos todos no aeroporto, na espera dolorosa, que o número do meu voo fosse chamado, todos estavam com caras tristes e sem brilho algum, uns mais pálidos que outros, mas todos com aquela sombra no olhar.
O primeiro par a vir despedir-se de mim foi a Rita e o Toby, que me aconchegaram num doce abraço acalorando o meu corpo que permanecia enregelado. Depois deles aproximaram-se a Patrícia e o Benji, que me tentaram fazer rir com as sua brigas e piadas sarcásticas atacando-se um ao outro, mas sem algum sucesso (porque é que se esforçavam tanto para me ver feliz? Eram mesmo bons amigos…).
De seguida fiquei na companhia da Andrea e do Schneider que com um leve sorriso no rosto me desejaram boa sorte, a Andrea sabia que não valia a pena tentar mudar o meu estado, por isso apenas me disse para ter muita força e que estaria sempre por perto quando eu precisasse dela.
Avisei também o Schneider para tratar bem dela e para que não a magoasse mais, pois ela era uma pessoa maravilhosa. Ele respondeu de imediato, como se eu tivesse ferido algum dos seus sentimentos: porque achas que eu me apaixonei por ela? – Ele fez uma pausa e prosseguiu: tem uma boa viagem e que tudo corra bem lá no Japão… sê forte.
Os meus olhos viajavam por todos os recantos daquele aeroporto, mas não encontravam o que procuravam, a pessoa que eu mais precisava naquele momento não estava presente, o meu coração estava receoso tornando a minha respiração quase sufocante e dolorosa.
- Voo número 455 com destino ao Japão… - tinha sido anunciado o meu voo, o meu coração ficou ainda mais apertado, voltou a fazer-se ouvir pelo intercomunicador aquela voz um pouco metálica: voo número 455 com destino ao Japão…
O meu irmão e a Sanae aproximaram-se de mim, ele envolveu-me logo nos seus braços num abraço forte e apertado, podia sentir o seu coração acelerado cheio de receio, preocupação e também… um pouco de medo?
Ele afastou-se e pude vislumbrar uma pequena lágrima percorrendo o seu rosto, ele disse com o seu tom de voz sereno e determinado: Quem me dera poder ir contigo e apoiar a mãe neste momento tão difícil, mas como tu disseste ia ser muito injusto para todos os meus colegas de equipa, afinal de contas estamos a realizar o nosso sonho de vencer o campeonato mundial juvenil… - ele fez uma pausa para recuperar o fôlego, os seus olhos fecharam-se com demasiada força tentando controlar as lágrimas, ele tentava parecer forte, ele tinha de ser forte, logo depois disse: Boa sorte maninha… te amo – disse num tom abrasileirado fazendo um leve sorriso e deixando escapar mais uma pequena lágrima.
A Sanae amparou-me nos seus braços, num abraço quente, perfumado e delicado, rapidamente se afastou se disse confessando tudo o que sentira: quando chegaste e me perguntaste sobre o Oliver, pensei logo de imediato: Hum… mas afinal o que é que esta quer com o meu Oliver? – ela disse aquilo num tom tão engraçado e desconfiado ao mesmo tempo que não pode conter o meu riso, agora sorria entre lágrimas, a Sanae prosseguiu: Mas quando o Oliver te apresentou a todos nós como sendo a irmã mais nova dele, eu disse para mim mesma: vou trata-la como se ela fosse a minha irmã mais nova, nada de mal lhe vai acontecer… e neste momento é isso que sinto por ti, uma amor de irmã – ela terminou a sua frase com um doce sorriso iluminando o seu rosto. Eram todos tão bons amigos, todos davam o seu melhor para que eu me sentisse bem junto deles.
- Obrigada, também sinto o mesmo por ti Sanae – olhei em volta de novo, mas agora olhando para todos os rostos de todas aquelas pessoas ali persentes e disse com grande emoção: Muito obrigada a todos vocês… são amigos maravilhosos.
Já não podia demorar muito mais… o voo estava prestes a partir, corri de imediato para o avião que se preparava lentamente e com extremo cuidado para a sua descolagem. Virei costas a todos os meus amigos com um conflito de emoções no meu coração, esse conflito preenchia todo o meu corpo, as lágrimas não paravam de brotar dos meus olhos e a dor aumentava no meu coração, sabia que nunca mais o ia ver e esta havia sido a ultima oportunidade que teria para o fazer…
Foi então que eu estava concentrada na minha corrida desesperada para o avião que uma voz grave e num tom elevado: Daniela! – Exclamara aquela voz conhecida e extremamente reconfortante.
Olhei para trás visualizando o rapaz que me tinha chamado, era ele, era o Pierre! Ele tinha vindo, a sua respiração estava ofegante e o seu ar demonstrava um enorme cansaço, corri o mais rápido que pude para chegar junto dele, ele ia começar a explicar o seu atraso que quase me matava por dentro de receio.
- Eu não cheguei mais cedo, porque…- Não aguentei nem mais um segundo o desejo que tinha de tocar os seus lábios era enorme e percorria todo o meu corpo, interrompi subitamente a sua explicação selando os seus lábios com os meus, os seus lábios eram macios e não tiveram hesitações, corresponderam de imediato ao meu beijo, foi um beijo profundo e sereno, que me acalmou o meu coração que se toldava num ritmo frenético e exorbitante. O calor e a doçura dos seus lábios eram imensos… 
Afastámo-nos os dois recuperando o fôlego perdido durante aquele beijo profundo, ele sorriu, acariciou a pele do meu rosto e disse: Já há muito tempo que espera por isto… Eu amo-te – disse ele confessando os seus sentimentos.
Afinal o amor que eu sentia era correspondido, a alegria daquele amor corroía agora toda a dor presente no meu coração, não a eliminando por completa pois esta era bastante dolorosa e forte.
- Eu também te amo – disse eu sentindo o meu rosto um pouco mais quente do que o habitual.
Sentia o olhar de todos postos em nós, principalmente o do meu irmão que havia começado a refilar dizendo: estão demasiado próximos, hey olha como é que ele a toca! Eu… eu… - reclamava ele lá ao longe com os olhos cobertos de fúria, não liguei apenas me ri das figurinhas do meu irmão a tentar proteger-me…
Sem qualquer preocupação toquei de novo os lábios do anjo que estava à minha frente e segui o meu caminho, deixando parte do meu coração com ele…

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estava demais adorei!Agora é que o Oliver não os vai deixar descançar:P
    Fico também triste por o pai deles ter morrido e a mãe a sofrer :(
    Mas espero que tudo se recomponha^.^

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  3. Tao Lindo (isto e serio e que as vezes acho o amor lamechas e a minha personalidade^^)

    Bjinhos :3

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  4. liindo, mas ao mesmo tempo um bocadinho triste, mas tá bonito....tou ansiosa para o próximo capitulo
    beijinhos

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